domingo, 11 de novembro de 2007

O que é uma OSCIP?

Existem vários tipos de organizações não-governamentais, ou ONGs. Cada uma delas tem uma constiuição jurídica diferente, mas com um propósito comum, a defesa do interesse público sem fins lucrativos. Os tipos de ONGs mais comuns são:

1) as fundações (não possuem dono, pois são criadas a partir da doação de um patrimônio que pode ser administrado e render benefícios ao interesse público. São administradas por um conselho e uma curadoria);

2)os institutos (organizações que possuem proprietários e que são constituídos por grupos de pessoas - como numa associação - mas que desenvolve e incentiva atividades correlatas às de responsabilidade do governo, tais como a educação, articulação política, pesquisa, desenvolvimento tecnológico, cultural, preservação do meio ambiente, etc.). É administrada por um conselho de administração, um presidente e uma secretaria executiva. O poder de voto dos membros pode ser diferenciado, garantindo privilégios aos fundadores;

3) as associações (organização de classes de pessoas ou etidades que se unem visando melhorar seu posicionamento mercadológico através de vantagens fiscais, organização da força de trabalho, articulação política para o desenvolvimento de seu setores de atuação - tais como uma associação de produtores rurais, associação de municípios, associações de moradores, etc.). O poder de voto dos associados pode ser diferenciado, garantindo privilégios aos fundadores;

4) as cooperativas, ou grupo de pessoas cujo objetivo comum é o de obter as as mesmas vantagens e benefícios de uma associação, porém o poder de voto de cada um dos seus integrantes é igual. Resumindo: um por todos e todos por um.

5) a OSCIP, ou Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, é uma organização de natureza privada, que possui atribuições tanto de instituto como de uma associação. É uma entidade jurídica cujo interesse público deve ser reconhecido pelo Ministério da Justiça, para que então seja possível usufruir dos incentivos fiscais, assim como ter acesso a fundos específicos para o incentivo do desenvolvimento (social, ambiental, político, cultural, tecnológico, etc). A partir de Março de 1999, o Brasil deu um grande passo para o desenvolvimento do terceiro setor através da regulamentação da Lei das OSCIPs (Lei 9790/99, versão em PDF) , a qual passou a permitir que o Terceiro Setor pudesse ter uma estrutura administrativa eficiente (como a de uma empresa - conselho de administração, presidente, diretoria executiva) e ainda pudesse obter renda (sem fins lucrativos) através de suas atividades. Esta forma jurídica passou a predominar no Brasil, sendo que muitas das antigas "ONGs", a partir de 1999, passaram sua figura jurídica (antiga denominação genérica de ONG) para a figura de uma OSCIP.

O jeitinho brasileiro...
Infelizmente, a Lei brasileira ainda deixa um tanto a desejar, pois o terceiro setor no Brasil passou a ser mal visto pelas inúmeras possibilidades de obtenção de verbas governamentais e recursos através da renúncia fiscal do imposto de renda, que pode ser revertido (até 1% do IR de pessoas jurídicas e até 6% do IR de pessoas físicas) em benefício de entidades de interesse público. Esse mecanismo permitiu que grandes empresas pudessem subsidiar o funcionamento de OSCIPs (que em alguns casos sobrevivem somente com recursos oriundos de uma única fonte empresarial) que atuassem na eliminação e na minimização de problemas de ordem difusa gerados pelas suas atividades, e que no fundo, defendem o interesse privado. É como se o governo estivesse permitindo as empresas "sujas" a possibilidade de limpar suas "bandas-podres" através de benefícios fiscais concedidos a OSCIPs que no fundo, são de propriedade privada. Não é difícil se deparar com campanhas de marketing que constantemente expõem organizações que possuem segundas intenções (às vezes, por pura ignorância de seus criadores). Essa característica das OSCIPs brasileiras ainda distorce um pouco a intenção de sua verdadeira natureza , não desmerecendo a atuação exemplar de OSCIPs que realmente lutam pelo interesse público onde o governo se vê de mãos atadas. Se entendermos como fazer um bom uso dessas atribuições legais, as OSCIPs vieram pra ficar, e pra fazer do mundo um lugar melhor pra se viver, mais igual, mais educado, mais saudável, e mais solidário.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

O quadrante de Pasteur

Extraído do site da Radiobrás (www.radiobras.gov.br)

Qual cientista foi mais importante para o avanço da humanidade: Thomas Edison, Louis Pasteur ou Niels Bohr? Uma questão difícil como essa é o que tenta responder Donald Stokes com o livro “O quadrante de Pasteur”. Nele, o autor utiliza dois eixos cartesianos para classificar as atividades de pesquisa. O eixo vertical associaria o projeto de pesquisa à sua relevância como gerador de conhecimento fundamental, aquele que leva a ciência a obter muito mais conhecimentos depois dele. O eixo horizontal é a sua relevância em termos de aplicações, econômicas ou sociais, imediatas.

Stokes propõe, na verdade, que o desenvolvimento científico não é uma coisa linear. Quando ele coloca Bohr no quadrante da relevância científica, está dizendo que as profundas teorias desse cientista na área da física e da química não tinham, obrigatoriamente, compromisso em desenvolver nada, nenhum produto, nenhum processo. Eram, simplesmente, interpretações dos fenômenos da natureza, e Bohr não conseguiu ultrapassar as fronteiras desse quadrante. No outro eixo, da relevância tecnológica, relevância da aplicação dos conhecimentos, quem está lá é Thomas Edison, com suas descobertas na área da eletricidade que acabaram gerando uma boa parte do que temos hoje no segmento. Edison tem um pouco de relevância científica, mas suas pesquisas se destacam pela utilização da ciência com perspectivas estratégicas. Ele é um inventor e usa os princípios da química e da física para inventar coisas. Não que essas coisas tenham aplicabilidade, mas ele está fornecendo um conjunto de informações e de detalhamentos, que podem ser aplicados no desenvolvimento de algum produto. Em outro quadrante está Pasteur, com as mesmas qualificações de Bohr e de Edison, mas que aplicou ao extremo os conhecimentos acumulados. Seus estudos na microbiologia, no conhecimento dos microorganismos, possibilitaram o desenvolvimento de vacinas, contribuíram, também, para o entendimento da fermentação na produção do vinho e da cerveja e aprofundaram os conhecimentos da química orgânica. Ele tinha um pouco do Bohr, do Edison e muito de aplicabilidade do conhecimento já fazendo a vacina e melhorando a produção do vinho.

O quarto quadrante, omitido por Donald Stokes devido à sua morte prematura, teve uma atenção especial quanto à resposta da sociedade frente suas necessidades que não poderiam ser supridas por quaisquer outros quadrantes. Este quadrante (em branco) foi posteriormente batizado de quadrante de Ruetsap. Novas considerações muito interessantes foram feitas por Francisco Neto, em seu artigo: "O quadrante de Ruetsap e a anti-ciência, tecnologia e inovação", que nos ajuda a compreender fenômenos sociais, científicos e tecnológicos nas áreas externas à academia. Recomendo sua leitura.

Indecisão profissional: conflito de culturas


Essa postagem interessa a todos aqueles que, nesse mundo de abundante informação, se vêem cegos frente aos verdadeiros desafios da vida.

Esse livro foi o livro que me ajudou a pensar no que fazer após a graduação, por 3 principais motivos: (1)durante o final do meu curso na UNESP de Rio Claro, muitos dos meus colegas (e eu também) começaram a sentir uma certa ansiedade e a desenvolver certos comportametos irracionais ao se depararem com o momento da decisão sobre seus respectivos destinos profissionais, o que me levou a questionar o verdadeiro papel da universidade; (2) o meu instrutor de natação, que era um cara muito inteligente, não sabia nada sobre nenhuma notícia a respeito da vida cotidiana (generalidades), como a morte de Luciano Pavarotti. Após uma breve conversa, ele me disse: "cara, se você não tivesse me falado que o Pavarotti morreu, eu não ia saber disso nunca. Porque se eu pego um jornal pra ler, ou ligo a televisão, é pra ver desgraça. Por isso eu decidi virar instrutor de natação nessa biboca, que paga o meu salário, e eu vivo tranquilo, na casa da mainha mãe, aos 30 anos de idade e de carteira assinada. Quer mais pra quê?". Daí eu pensei: pra onde estamos indo? Uma mente bem educada que abdica de seu potencial? Por qual motivo? (3) No encontro de 10 anos de formado de terceiro colegial, encontrei a menina que era a garota mais inteligente do colégio. Pergutei a ela o que havia feito da vida, e vai aí o que ela me respondeu: "Bem eu comecei a fazer viagens com crianças pra Disney, daí eu resolvi fazer turismo, mas daí eu desisti de turismo e achei que eu deveria fazer administração de empresas, mas daí eu desisti e hoje eu trabalho na loja de parafusos do meu pai, e não sei muito bem o que eu vou fazer da vida. Acho que vou voltar pros EUA e virar faxineira, pelo menos pagam bem e dá pra juntar uma graninha..."

Para os que se encontram sob a mesma situação, recomendo a leitura: "O quadrante de Pasteur" da editora da Unicamp.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Fritjof Capra ensina humildade


Em seu livro "A Teia da Vida - Editora Cultrix", Fritjof Capra, um dos mais respeitados físicos teóricos do mundo, dá lições de humildade: "A vida em constante transição gera humildade e respeito" (...) "É preciso se manter sempre preparado pra perceber e receber novos conceitos, o que nos traz a capacidade de dar um novo significado à vida". E ainda arremata, contradizendo muitos teóricos da ecologia profunda, cientistas sociais, políticos e econômicos: " Não estamos vivendo uma crise ambiental, muito menos uma crise gerencial. Para nós, seres humanos, é muito difícil entender e assumir que o problema está em nós mesmos. A maior crise que estamos vivendo é uma crise de percepção."

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Cauda Longa e o Meio Ambiente


Bom, depois de toda essa introdução, acredito que agora eu possa resumir com tranquilidade tudo que eu queria dizer numa simples frase de Chris Anderson:

"no mundo virtual, estamos cada vez mais transformando em bits o que antes era matéria"...

Vocês conseguem imaginar as implicações ambientais da difusão desse conceito em nossa sociedade? Antes de consumir, pense em bits...

Conceito da Cauda Longa - Chris Anderson

Extraído de WIKIPEDIA

O livro A Cauda Longa (do original em inglês The Long Tail) foi publicado nos EUA no final do ano passado. E é o resultado de um detalhado estudo desenvolvido por Chris Anderson, editor-chefe da revista Wired, no qual analisa as alterações no comportamento dos consumidores e do próprio mercado, a partir da convergência digital e da Internet. Trata-se da teorização de um fenômeno já existente e em virtuosa ascensão na indústria do entretenimento, que tem gerado um movimento migratório da cultura de hits para a cultura de nichos, a partir de um novo modelo de distribuição de conteúdo e oferta de produtos.

Antes da Internet, a oferta de produtos era feita única e exclusivamente através de meios físicos: um produto físico, distribuído através de um modelo de distribuição físico, exposto em lojas físicas, que atendiam os consumidores de determinada região. Nesse modelo, os custos de armazenagem, distribuição e exposição dos produtos são muito altos, o que torna economicamente viável apenas a oferta de produtos populares, para o consumo de massa. E é justamente por isso que crescemos acostumados a consumir um número reduzido de mega-sucessos; pop stars, block busters etc. Um varejista tradicional, que tem custos fixos altíssimos para manter sua loja aberta, não tem espaço nas prateleiras para ofertar um produto que não venda pelo menos algumas dezenas de exemplares todo mês. Essa é a cultura de hit.

Com o surgimento do mundo virtual, estamos cada vez mais transformando em bits o que antes era matéria. E é justamente o rompimento das barreiras físicas que torna possível a criação de modelos de negócios de Cauda Longa, em que a oferta de produtos é praticamente ilimitada, uma vez que os custos de armazenagem e distribuição digitais são infinitamente inferiores. Produtos economicamente inviáveis no modelo de hit encontram no meio digital seus consumidores. Por sua vez, os consumidores que antes tinham acesso a um número reduzido de conteúdos, passaram a ter uma variedade quase que infinita de novas opções. E passaram a experimentar mais, consumir produtos que até então desconheciam. É essa variedade e essa nova experimentação que proporcionam as alterações no consumo tradicional (Não é à toa que a geração da Internet é menos fiel às marcas e mais predisposta a consumir novos produtos).

O que antes era um mercado ignorado, não só passa a ter valor como vem crescendo a cada ano. Peguemos como exemplo o mercado de músicas digitais. Somadas, todas as centenas de milhares de músicas menos populares, de bandas menores ou desconhecidas no mainstream (novos nichos), cujas faixas vendem apenas alguns downloads ao ano na iTunes, já representam um volume de vendas equivalente ao dos poucos hits produzidos para vender milhões de unidades.

Importante destacar que o conceito de Cauda Longa se aplica a praticamente todo mercado, inclusive o mercado de mídia. Com a convergência digital, é muito provável uma reorganização na distribuição da audiência, não apenas por conta de alterações nas características dos meios e na maneira como são consumidos, mas principalmente por alterações no próprio comportamento do consumidor.

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Convido-os a assistir esta palestra em vídeo, apresentada por Chris Anderson, o autor do livro "The Long Tail". Aqui ele exemplifica de maneira esplêndida como o conceito da cauda longa pode ser aplicado a qualquer área da economia, nesse mundo de tecnologia e informação.



Agora, assista à esse vídeo, que apesar de já estar bem rodado pelo YouTube, vai ajudar a esclarecer o conceito. Este vídeo fala sobre a geração da internet, a nova economia eletrônica que está criando o mundo do consumo de bits. Conheçam o Rafinha...

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Profissões do futuro, ou o futuro das profissões? A era da informação entra em casa...

Este é um vídeo muito inteligente e bem feito do SEBRAE de São Paulo, que fala sobre a importância da educação para formar os profissionais do amanhã. O mais interessante é a discussão sobre as profissões do futuro. A maioria delas ainda nem existem, sendo assim, como faremos para que as pessoas estejam preparadas para entrar no mercado do amanhã? Só há uma maneira - através do empreendedorismo. Já sentimos os efeitos da necessidade dessa mudança cultural, pois muitas das profissões que já existem hoje (e que muitas vezes brigam inutilmente por regulamentação) não existiam a 5 ou 10 anos atrás. Peço uma atenção especial aos comentários do Professor Luiz Carlos de Menezes, do Intituto de Física da USP, sobre os efeitos de nossa herança social da era industrial. Este vídeo mostra que é preciso deixar de lado essa cultura mecanicista obsoleta (geração de empregos de baixa qualificação, produção em massa de produtos de baixo valor agregado, com o uso de baixa tecnologia), e entrar de cabeça na era da informação (da alta tecnologia e da criatividade). Mais um sinal da mudança de padrão civlizatório que está vindo pra ficar...

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Subversão civilizatória: parte 2

Pra quem já viu o primeiro vídeo, do John Doerr:

Bom, passando agora para a apresentação de um novo modelo de civilização, que se baseia no modelo de consumo cradle-to-cradle (ou do berço-ao-berço), ou seja, uma economia de ciclos biológicos e tecnológicos fechados (closed loops). Veja como as idéias do arquiteto William McDonough sobre o design são as chaves para uma mudança rápida e segura para um mundo saudável e limpo. Chega de lamentação, pois o cérebro humano é tão poderoso e magnífico que é sem dúvida capaz de criar um mundo de abundância, e não de escassez. A revolução está em nossas cabeças. Estamos aqui para celebrar a criatividade humana, que é infinita. Recursos são diretamente proporcionais à criatividade. Sendo assim, tirem suas próprias conclusõs... Espero que gostem.

Subversão civilizatória: Parte 1

Primeiro, veja esta apresentação de John Doerr, um dos grandes nomes do Vale do Silício, que passou a enxergar um mundo de escassez, através de um apelo de sua filha de 15 anos. Ele diz que o mundo não vai longe se continuarmos neste nosso mesmo modelo de consumo "cradle-to-grave" (ou no bom portugês, do berço-à-cova). Faz uma discussão interessante sobre o poder e o papel de cada um dos compartimentos que compõem a economia: as empresas, os indíviduos e os governos. Ele deixa clara uma idéia de que é possível se canalizar energia a fim de se gerar uma força motriz para mudar o mundo... mas que nunca parece suficiente. Sob o meu ponto de vista está claro que ele ainda está tendo os primeiros insights sobre como essa revolução pode acontecer, e eu lhes digo, há esperança. Uma delas, discutida superficialmente neste vídeo, são as tecnologias verdes, ou greentechs.

Depois de assistir à essa palestra, veja o próximo vídeo, e fique um pouco mais tranquilo... Mas veja esse primeiro! Espero poder colocar esses conceitos em suas cabeças e corações...


terça-feira, 16 de outubro de 2007

Eco-design

O “triple-bottom-line” tem sido, e ainda continua a ser, uma importante ferramenta para integrar a sustentabilidade à agenda dos negócios. Balanceando os objetivos econômicos com as preocupações sociais e ambientais, ele cria uma nova medida da performance corporativa. Uma estratégia de negócios focada somente na linha de base, ou “bottom-line”, no entanto, pode mascarar as oportunidades de desenvolvimento de inovações e criar valor no processo de design. É preciso transformar a eficiência em efetividade. Para isso existem novas ferramentas de design sustentável, ou eco-design, que podem mudar o foco de nossa maneira de criar. Trata-se de uma mudança de um processo de desenvolvimento com propriedades “end-of-pipe*” limitantes, para um processo orientado para a criação de estruturas, produtos e serviços seguros e de alta qualidade, reprojetando tudo a partir do zero.

Esta nova perspectiva do design cria um crescimento do tipo “top-line”, ou linha-de-topo: estruturas, tecnologias, produtos e serviços que aprimoram o bem estar da natureza e da cultura humana, enquanto geram valor econômico. O design do tipo “top-line” segue as leis da natureza para dar à indústria e à agricultura ferramentas para desenvolver sistemas que geram prosperidade com segurança. Nesses novos sistemas humanos, os materiais se tornam comida para o solo (entram nos ciclos biogeoquímicos), ou podem fluir de volta para a indústria por todo o sempre (entram nos ciclos tecnológicos). Valor e qualidade estão incorporados nesses produtos, processos e facilidades de maneira inteligente, o que os possibilita deixar uma pegada ecológica para o deleite, ao invés da lamentação. Quando os princípios do design ecologicamente inteligente forem amplamente difundidos e aplicados, tanto a natureza quanto a economia podem prosperar e crescer.

*end-of-pipe: tipo de solução que não atinge a raiz do problema. Também conhecida como solução fim-do-tubo. Ex: Um determinado processo industrial gera um tipo de resíduo perigoso. A princípio, é mais fácil colocar um filtro na saída do tubo em que o resíduo é emitido, do que reprojetar todo o processo, ou pesquisar novas fontes alternativas de matéria-prima, para que não exista mais a possibilidade de geração de resíduos perigosos. Uma decisão end-of-pipe torna, aparentemente, as coisas menos ruins, mas não boas. O que fazer então, com o filtro contaminado?

domingo, 14 de outubro de 2007

Teorema de Coase


"Suponhamos que Dick tenha um cachorro chamado Spot, que late e incomoda Jane, vizinha de Dick. Dick obtém um benefício por ser dono do cachorro, mas o cachorro confere uma externalidade negativa a Jane. Dick deve ser forçado a se livrar de Spot ou Jane deve ficar noites sem dormir por causa dos latidos de Spot?

Considere primeiro qual resultado é socialmente eficiente. Um planejador social, considerando as duas alternativas, compararia o benefício que Dick obtém da posse do cachorro com o custo imposto a Jane pelos latidos de Spot. Se o benefício exceder o custo, para Dick será eficiente ficar com o animal e para Jane, conviver com o barulho. Mas, se o custo for maior que o benefício, Dick deverá se livrar do cão.

De acordo com o Teorema de Coase, o mercado privado chegará ao resultado eficiente por si só. Como? Jane poderá simplesmente oferecer a Dick um pagamento para que se desfaça do cachorro. Dick aceitará se a quantia de dinheiro que Jane oferecer for maior do que o benefício de ficar com o cachorro.

Negociando o preço, Dick e Jane poderão sempre chegar a um resultado eficiente. Suponhamos, por exemplo, que Dick obtenha um benefício de $500 por manter o cachorro e que Jane arque com um custo de $800 por causa do barulho. Neste caso, Jane poderá oferecer um pagamento de $600 para que ele se livre do cão e Dick aceitará alegremente. As duas partes estarão em melhor situação do que antes e o resultado eficiente será atingido.

É possível, naturalmente, que Jane não esteja disposta a oferecer nenhum preço que Dick queira aceitar. Suponhamos, por exemplo, que Dick obtenha um benefício de $1.000 por manter o cachorro e que Jane arque com um custo de $800 provocado pelos latidos do cão. Neste caso, Dick recusaria qualquer oferta abaixo de $1.000 e Jane não ofereceria nenhum valor acima de $800. Neste caso, Dick ficaria com o cachorro. Dados os custos e benefícios, contudo, o resultado é eficiente.

Até aqui, admitimos que Dick tenha, por lei, direito de ficar com um cão que late. Em outras palavras, admitimos que Dick fique com o cachorro a menos que Jane lhe pague o bastante para convencê-lo a se desfazer do animal voluntariamente. Mas em que mudaria o resultado se Jane tivesse, por lei, direito à paz e à tranqüilidade?

De acordo com o Teorema de Coase, a distribuição inicial dos direitos não afeta a capacidade que o mercado tem de atingir um resultado eficiente. Suponhamos, por exemplo, que Jane tenha o direito legal de forçar Dick a se livrar do cachorro. Embora ter esse direito seja vantajoso para ela, provavelmente não mudará o resultado. Neste caso, Dick poderia pagar a Jane para que ela lhe permitisse ficar com o cão. Se o benefício de ficar com o cão para Dick exceder o custo do latido para Jane, os dois chegarão a um acordo que permita a Dick ficar com seu animal.

Embora Dick e Jane possam chegar ao resultado eficiente independentemente da distribuição inicial dos direitos, essa distribuição não é irrelevante: é ela que determina a distribuição do bem-estar econômico. O fato de Dick ter o direito a um cachorro que late ou Jane ter direito à paz e à tranqüilidade é que determina quem paga a quem no final da negociação. Mas, em qualquer um dos casos, as duas partes podem negociar entre si e resolver o problema da externalidade. Dick só ficará com o cachorro se o benefício exceder o custo.

Resumindo: o Teorema de Coase diz que os agentes econômicos privados podem solucionar o problema das externalidades entre si. Qualquer que seja a distribuição inicial dos direitos, as partes interessadas sempre podem chegar a um acordo no qual todos fiquem numa situação melhor e o resultado seja eficiente."

MANKIW, N. Gregory. Introdução à Economia. Tradução Allan Vidigal Hastings. 3ª edição. São Paulo: Thomson Learning, 2006.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Geotecnologia: ESRI Touch Table

Mais uma das maravilhas do mundo. E ainda não acharam o Bin Laden...



Conheça o Natural Step

O link abaixo é de um vídeo de uma palestra de 60 minutos proferida pelo idealizador do The Natural Step Framework, Dr. Karl Henrik Robert. Sua história e sua proposta são muito interessantes, e estão permeando o mundo corporativo na forma de uma revolução sileciosa...

The Natural Step Framework

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Regulamentação da profissão de ECÓLOGO

ATENÇÃO: ESSE TEXTO É DO ECÓLOGO RENATO FERREIRA LIMA, DA UNESP DE RIO CLARO, EU SÓ ESTOU DIVULGANDO...

A profissão de ecólogo está em processo de regulamentação junto ao congresso nacional, para finalmente juntá-los a um conselho profissional e atuar plenamente em suas atribuições, como já é feito atualmente, mas sem o devido reconhecimento legal.

Não se trata de um reserva de mercado pois a profissão tem caráter mais transversal e interdisciplinar, além de ser complementar em relação às demais profissões que já atuam no mercado de meio ambiente. Trata-se apenas da aquisição de direitos legais para que se possa exercer todas suas capacidades e competências.

Para dar seu apoio ao processo de regulamentação da profissão de ecólogo, convido-os a entrar no site do Conselho Regional de Biologia no qual há uma enquete (no canto inferior direito da página principal): "Voce é a favor da
regulamentacao da profissao de ecologo?" Selecione SIM e vote. O Brasil é um gigante em biodiversidade e precisa de profissionais capazes de assegurar sua proteção e seu uso sustentável.

Miragem urbana

Andando pela marginal do Rio Pinheiros, em pleno trânsito, tive a chance de sacar o meu celular e fazer essa foto. Um tanto surreal para a situação, mas é um começo. Os paulistanos estão acostumados a ver garças e capivaras alimentando-se ao longo das barrancas das marginais. Só que a cena do prédio das mega-companhias capitalistas ao fundo, o rio poluído, o controverso projeto-pomar e a placa de aviso: CUIDADO, animais silvestres, me fizeram lembrar do documentário "Developed landscapes", que fala dos paradoxos ambientais criados pelo capitalismo selvagem (aquele que faz tudo por dinheiro e que se dane o resto). Mas como ainda existe vida inteligente no planeta e, olhando com bons olhos, acho que essa paisagem pode ter o seu lado poético trazido para uma nova realidade. Leiam o livro Cradle to Cradle, de McDonough e Braumgart. O link pra comunidade está la lista de links do blog. Quem sabe um dia um veado-campeiro volte a saltitar pelo planalto paulistano como a plaquinha nos indica...

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Uma questão de DESIGN

Não há nada no mundo tecnológico hoje que não tenha sido criado por um designer. Design significa intenção. Nenhuma das grandes revoluções que aconteceram em nossas vidas nos últimos anos foram causadas por inovações tecnológicas, e sim, inovações no design. Veja o caso do iPod. Nenhuma das tecnologias embutidas no produto foram desenvolvidas especialmente para serem usadas no produto. Elas já existiam, só não tinham nunca sido usadas juntas, com um propósito. Simplesmente um designer pensou um jeito de uní-las num único aparelho, com a intenção de proporcionar entretenimento fácil e acessível a um grande público. Já existe massa crítica de conhecimento e tecnologia para que, através do design, possamos dar grandes saltos de qualidade na nossa vida e melhorar o mundo. Pense em design.

Imaginando o mundo sem o petróleo...

Procurem no YouTube filmes com as palavras "magnetic motor", "gavitational motor", "continuum mobile" e "free energy". Vocês verão o poder da informação fluindo através de um consciente coletivo... Acho que já podemos começar a nos prepararmos pra viver num mundo abundante em energia e absolutamente sem petróleo, hidrelétricas, agroenergias ou o que quer que seja. Conheçam o site da Steorn - www.steorn.com - que já possui um protótipo de moto-contínuo de energia livre. Abaixo um vídeo com um protótipo de motor movido a energia magnética (energia livre), o Modelo de Perendev. Einstein já dizia que era fisicamente possível se canalizar energia a partir de algo que pudesse concentrá-la através distorções dimensionais(???) e que a teoria da relatividade não poderia explicar tal processo. Infelizmente ele não descreveu nenhuma outra teoria, mas sabia que o processo envolveria as leis da atração entre os corpos. É isso que a Steorn conseguiu colocar em prática, e antes de lançar o modelo, convocou inúmeros cientistas do mundo inteiro pra pôr à prova e tentar explicar cientificamente o que acontecia... Como um motor poderia gerar mais energia do que consome???? E o processo é tão simples...


Brasileiros pondo ordem no chiqueiro

Olá a todos...
Dando início ao blogueirismo ainda um tanto acidentado, gostaria de iniciar uma discussão com vocês. Primeiro, gostaria de deixar claro que não sou um radical, e sim um empresário que tem uma clara visão de que o Brasil é a bola da vez - e que não dá pra se comer dinheiro (como disse o tal do índio americano). Estou farto dessa palhaçada que vemos todos os dias nos jornais e TV. Mas, vendo pelo lado bom, reconheço que a liberdade de expressão e o poder da mídia nunca foram tão efetivos - e democráticos. Se eu optei por viver num mundo farto em informação, que ela seja bem colhida e utilizada para o bem.

Sendo assim,gostaria de discorrer a respeito do trabalho do Instituto PNBE de Desenvolvimento Social. Trata-se de um grupo de empresários que se reúnem pra discutir questões relacionadas à governança, ética, tranparência, corrupção e responsabilidade. Esses caras estão peitando o governo e ajudando muito o Brasil. De suas reuniões saem muitos manifestos, discussões e iniciativas que colaboraram, inclusive, com o nascimento de instituições importantes como o Ethos, Akatu, Disk Denúncia, Transparência Brasil, Código de Defesa do Eleitor, Pacto Empresarial Contra a Corrupção, etc... O foco deles é a governança em empresas públicas e o combate à corrupção. Soube, em palestra recente, que o governo criou uma agência para a administração de estatais chamada CGPAR (às escuras), cheias de cadeiras para os ministérios, aonde a sociedade civil (acionistas não controladores das estatais) ainda não possuem uma única cadeira? É preciso fazer com que isto funcione, pois o governo não pode ser acionista, controlador e ao mesmo tempo, o criador de políticas. A concorrência com as empresas particulares se torna desleal, antiética. Veja o caso do setor energético brasileiro, todo emprerrado. Empresas de capital aberto (pulverizado) são mais democráticas e mais tranparentes. Essa agência precisa da presença de cidadãos, e o PNBE está lutando por isso.


Outros que estão pondo ordem no chiqueiro são os grupos de desenvolvimento do Índice de Governança Corporativa da Bovespa (ajudando as companhias brasileiras a entrarem na categoria de Novo Mercado). Após a implantação do IGC da Bovespa, em 2002, o valor das empresas brasileiras listadas na bolsa era de 124 bilhões de reais. Até 2007, esse valor subiu pra 1 trilhão e 130 bilhões de reais - ou seja, o valor do setor produtivo brasileiro já se equipara ao PIB brasileiro. E ainda: em 2007 foi a primeira vez na história do Brasil que o volume de investimentos e financiamentos de capital particular superou o volume de financiamentos e investimentos feitos pelo governo (principalmente via BNDES). Parece que estamos mesmo passando por um processo de subversão, e o Estado está sendo pressionado a fazendo o dever de casa. A democracia está mais forte. Estes dados estão disponíveis no próprio site da BOVESPA.

Abraço a todos e abaixo a CPMF.
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