segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Technology as a Service

Já é realidade um novo conceito de produção no mundo globalizado. Ecodesign, logística reversa e as "disassembling lines" são as novas extensões agora obrigatórias às linhas de produção, principalmente em se falando de bens de alta tecnologia.

O conceito dos 7 "R"s - repense, recuse, reduza, repare, reutilize, recicle e reintegre - ganha muito mais sentido quando entendemos o conceito real de reciclagem. Reciclar nada mais é do que reintroduzir um material de volta a algum ciclo. O problema é que o conceito é um pouco mais amplo - se um material deve voltar a um ciclo, este deve ser planejado e concebido para que ele possa voltar infinitas vezes ao ciclo. E a solução para este impasse quem traz é o design. Se os produtos são projetados não só para o uso, mas para também serem retornáveis, desmontados e seus componentes reciclados, temos um ciclo eco-efetivo, e não eco-eficiente. Imaginem só, um produto pode não só ser reciclado a ponto de ser transformado num bem da mesma categoria (reciclagem efetiva), como também pode ter sua matéria utilizada na produção de bens de maior valor agregado - o que é chamado, no inglês, de upcycling. Toda vez que um determinado material perde valor durante um processo de reciclagem, estamos fazendo um downcycling.

Essa nova concepção de produção, que cria bens projetados para serem desmontados e reintroduzidos em ciclos tecnológicos e/ou biológicos, permite a criação de um novo conceito - a de produto como serviço. Na internet já existem milhares de aplicativos de produtividade "web-based" conhecidos pela sigla SaaS, ou Software as a Service. Agora, muitos produtos oriundos desse novo modelo de produção já são recolhidos, desmontados e reaproveitados na produção de novos produtos de igual ou maior valor agregado, reduzindo drasticamente as necessidades da indústria por matéria-prima. Num futuro não muito distante, o "upgrade" de seu computador ou aparelho de televisão por um modelo mais moderno poderá ser conseguido através de uma empresa de prestação de serviços de aluguel. O modelo de produção está passando a ser um modelo de utilidade, já batizado como TaaS, ou Technology as a Service.

No TaaS, sempre que o conhecimento humano permitir a colocação em prática de uma nova tecnologia, a tecnologia antiga poderá ser recolhida e sua matéria-prima utilizada na confecção da nova. O embrião desse conceito já bate à nossa porta - a logística reversa. O que para muitos ainda é considerado lixo, para as empresas de ponta, é matéria-prima. Observem os anúncios do tipo"na compra de um sofá novo, ganhe um desconto entregando o seu velho" ou "sua impressora vale até R$ 200,00 na compra de uma nova". Já é possível, portanto, imaginarmos um novo modelo de negócios baseado em um consumo de bens como um serviço - onde você aluga uma televisão ou um PC, e sempre que uma nova tecnologia superar a do seu equipamento, você terá o seu bem substituído por um mais moderno e eficiente.

Bem vindo ao mundo TaaS.

Otávio Cafundó é biólogo, especialista em conservação, sócio-diretor da Brasil Diverso Soluções Ambientais Ltda
http://www.brasildiverso.com.br

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