domingo, 11 de novembro de 2007

O que é uma OSCIP?

Existem vários tipos de organizações não-governamentais, ou ONGs. Cada uma delas tem uma constiuição jurídica diferente, mas com um propósito comum, a defesa do interesse público sem fins lucrativos. Os tipos de ONGs mais comuns são:

1) as fundações (não possuem dono, pois são criadas a partir da doação de um patrimônio que pode ser administrado e render benefícios ao interesse público. São administradas por um conselho e uma curadoria);

2)os institutos (organizações que possuem proprietários e que são constituídos por grupos de pessoas - como numa associação - mas que desenvolve e incentiva atividades correlatas às de responsabilidade do governo, tais como a educação, articulação política, pesquisa, desenvolvimento tecnológico, cultural, preservação do meio ambiente, etc.). É administrada por um conselho de administração, um presidente e uma secretaria executiva. O poder de voto dos membros pode ser diferenciado, garantindo privilégios aos fundadores;

3) as associações (organização de classes de pessoas ou etidades que se unem visando melhorar seu posicionamento mercadológico através de vantagens fiscais, organização da força de trabalho, articulação política para o desenvolvimento de seu setores de atuação - tais como uma associação de produtores rurais, associação de municípios, associações de moradores, etc.). O poder de voto dos associados pode ser diferenciado, garantindo privilégios aos fundadores;

4) as cooperativas, ou grupo de pessoas cujo objetivo comum é o de obter as as mesmas vantagens e benefícios de uma associação, porém o poder de voto de cada um dos seus integrantes é igual. Resumindo: um por todos e todos por um.

5) a OSCIP, ou Organização da Sociedade Civil de Interesse Público, é uma organização de natureza privada, que possui atribuições tanto de instituto como de uma associação. É uma entidade jurídica cujo interesse público deve ser reconhecido pelo Ministério da Justiça, para que então seja possível usufruir dos incentivos fiscais, assim como ter acesso a fundos específicos para o incentivo do desenvolvimento (social, ambiental, político, cultural, tecnológico, etc). A partir de Março de 1999, o Brasil deu um grande passo para o desenvolvimento do terceiro setor através da regulamentação da Lei das OSCIPs (Lei 9790/99, versão em PDF) , a qual passou a permitir que o Terceiro Setor pudesse ter uma estrutura administrativa eficiente (como a de uma empresa - conselho de administração, presidente, diretoria executiva) e ainda pudesse obter renda (sem fins lucrativos) através de suas atividades. Esta forma jurídica passou a predominar no Brasil, sendo que muitas das antigas "ONGs", a partir de 1999, passaram sua figura jurídica (antiga denominação genérica de ONG) para a figura de uma OSCIP.

O jeitinho brasileiro...
Infelizmente, a Lei brasileira ainda deixa um tanto a desejar, pois o terceiro setor no Brasil passou a ser mal visto pelas inúmeras possibilidades de obtenção de verbas governamentais e recursos através da renúncia fiscal do imposto de renda, que pode ser revertido (até 1% do IR de pessoas jurídicas e até 6% do IR de pessoas físicas) em benefício de entidades de interesse público. Esse mecanismo permitiu que grandes empresas pudessem subsidiar o funcionamento de OSCIPs (que em alguns casos sobrevivem somente com recursos oriundos de uma única fonte empresarial) que atuassem na eliminação e na minimização de problemas de ordem difusa gerados pelas suas atividades, e que no fundo, defendem o interesse privado. É como se o governo estivesse permitindo as empresas "sujas" a possibilidade de limpar suas "bandas-podres" através de benefícios fiscais concedidos a OSCIPs que no fundo, são de propriedade privada. Não é difícil se deparar com campanhas de marketing que constantemente expõem organizações que possuem segundas intenções (às vezes, por pura ignorância de seus criadores). Essa característica das OSCIPs brasileiras ainda distorce um pouco a intenção de sua verdadeira natureza , não desmerecendo a atuação exemplar de OSCIPs que realmente lutam pelo interesse público onde o governo se vê de mãos atadas. Se entendermos como fazer um bom uso dessas atribuições legais, as OSCIPs vieram pra ficar, e pra fazer do mundo um lugar melhor pra se viver, mais igual, mais educado, mais saudável, e mais solidário.

5 comentários:

Anônimo disse...

Caro Otávio:

Estou extremamente bem impressionado com o seu blog e o site de sua Organização. O que primeiro chama a atenção, sobretudo, para alguém que durante quase 20 anos atuou na área de Marketing é o excelente layout de suas páginas.

O aspecto clean e a sobriedade facilitam e motivam a leitura. Estou dando destaque a esses aspectos pois você não é da área é mesmo assim dá especial atenção para esse particular raro entre os bloggers.

Fiquei bastante entusiasmado ao conhecer o nosso colega blogger Bruno Serafim, que estabeleceu também o nosso elo, mas lamentavelmente ele teve de se afastar temporariamente do blog. Como o tema que abordam (você e ele) é de meu interesse - mas não de meu conhecimento - as visitas e as consultas, certamente, serão constantes.

Observo que a sua página é uma iniciativa recente, como também o é a minha. No começo desanimamos quando observamos poucos comentários ou visitas nos posts, mas a minha breve experiência já ensinou que esse só é o começo. Após uns três ou quatro meses o retorno é certo quando mantemos uma determinada regularidade nas publicações.

As visitas e comentários em outros blogs afins são obrigação. Inicialmente, como divulgação do próprio espaço e em segundo lugar como um tipo de código de etiqueta.

Terei grande satisfação por divulgar o seu espaço, dedicando um post exclusivamente para tal. Já estou registrando uma média acima de 150 visitas diárias ao meu blog (leitores fiéis) e, diante do ótimo conteúdo que observo por aqui, estou certo de que muito em breve você ultrapassará essa marca.

Sugiro que republique artigos interessantes (os mais antigos) que não puderam ser lidos quando postados. Vá revezando entre a republicação e textos novos. Poucos são os visitantes que se dão ao trabalho de procurar assuntos no índice ou clicar nas páginas anteriores. Page views via Google também trarão leitores, mas a grande maioria não deixa comentários. Quanto mais sofisticado o texto, menor é probalidade de receber comentários. Mas isso não significa que não seja lido. Pelo contrário. Para contar com a fidelidade, os textos devem ser da melhor qualidade sempre.

Caro Otávio, tomei a liberdade de registrar essas observações no intuito de motivá-lo e passar um pouquinho de experiência. Costumo organizar minhas visitas e comentários de forma semanal. Assim, retornarei todas as semanas para, sempre que possível, deixar um comentário.

Forte abraço e parabéns!

Anônimo disse...

Parabéns, pelas excelentes explicações a respeito das organizações não governamentais, as OSCIPs. Meu conhecimento a esse respeito provém do site Aprendiz (do Terceiro Setor) e de links do nosso colega Stephen Kanitz (colunista de Veja e palestrante). Kanitz é um incentivador da filantropia no Brasil. Dou link a ele em minha página. Aliás, o seu blog estará na lista a partir de hoje!

Abraços.

Anônimo disse...

Caro Otavio:

Não faça como o nosso colega Bruno Serafim, desaparecendo de repente, please!

Quando tiver um tempinho extra, retire o seu prêmio em meu blog. Naturalmente, é um incentivo para o seu espetacular espaço, visando a atrair mais leitores.

Até breve.

Anônimo disse...

É através de OSCIPs que empresas farmacêuticas vendem seus medicamentos, afinal de contas remédio é essencial. A indústria da saúde consegue com isso uma enorme redução de impostos para garantir investimentos de 20% do orçamento em pesquisa e desenvolvimento de novos fármacos (telecomunicações fazem em média 5%). Porém a idéia ainda precisa amadurecer MUUITO para se concretizar. A final "na prática a teoria é outra".

Anônimo disse...

Bom que existam pessoas como marcus mayer a incentivar pessoas que, como você, dedicam-se à distribuição de conhecimento, especialmente numa área de tão poucas luzes como essa da sustentabilidade.
abraço.

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